Canto do refúgio dos afogados.
O que faço eu aqui,
agora?
Nessa sala quase vazia,
escura e mórbida.
Esses rostos são estranhos,
e parecem ajudar em nada.
Ficarei aqui,
apesar da vontade ser outra.
Ficarei aqui,
até o momento em que
a última gota de sangue despenque desses pulsos,
cansados e doloridos.
O meu pranto agora é pedra,
pedra gélida,
como meus sentimentos recentes.
Arrancaram-me as asas,
porém eu nunca tive asas.
A fúria e o desejo de morte
ainda prevalecem nos meus
mais profundos e sombrios pensamentos.
Os mesmos onde penso em estuprar você,
ou fazem com que todos ao redor sangrem,
e morram.
Mas os estranhos pensam como eu,
e eu penso comigo:
"deveria eu, sangrar também?".
Porém, eu já sangro,
e as ferias foram abertas,
novamente.
Fêrnix (02/05/08)