terça-feira, 5 de março de 2013

Noite.

Seu quarto e a minha bagunça, e você reclama do meu lado meio índio de viver com o pé cascudo. Meu quarto e a sua organização, deixando tudo milimetricamente no lugar de sempre. A minha falta de silêncio, e o seu silêncio demasiado . Dois olhares que se encontram, quando as cabeças estão no travesseiro, o cigarro queima, o copo de cerveja esvazia, as pernas sempre confundidas. O seu desprezo pelo calor, a minha raiva pelo inverno. A sua mão leve no meu cabelo, e o gosto da sua salíva com a minha, as línguas dançam, o dedos trançam. O colchão no chão, as conversas que duram quase uma madrugada inteira, com os filmes que quase não assistimos por inteiro. A sua barba que me faz cócegas, e o cheiro. As risadas infantis, as brincadeiras maliciosas. Esse sentimento que cresce, esfria, esquenta, aperta... eu, você, a gente e dois corpos adormecidos em, quem sabe, um só sonho...