domingo, 7 de dezembro de 2014

Sem fundamento.

   E aos vinteetresanos descobri o que era, de fato, a vida. Não só no quesito: pago contas, a faculdade, a minha vida, e sou financeiramente independente da minha família", não, não somente nesse quesito. Descobri o que era estar realmente sozinha, e respirar bem fundo para as lágrimas não escorrerem nas horas erradas, aliás, descobri que, quando a gente vai crescendo, as lágrimas de sentimentos se parecem com a Cantareira, a gente sente, mas enfia essa merda de máscara (desde quando nascemos) no rosto, e vai construindo aos poucos a nossa real imagem social, a gente brinca com o "está tudo bem", e é divertido, é uma brincadeira de criança, e realmente é acreditável que "ESTÁ TUDO BEM!" e na verdade não está.
   Os cigarros tem aumentado, sabe? Não apenas os cigarros, mas as cervejas diárias, e as horas dormidas? Bem, elas não existem, no máximo uma hora por noite é realmente aproveitada.
   Fui brincando desse negócio de "ser adulta", abdiquei dos meus sonhos, das minhas vontades, de quem eu sou. Enfiei os dois pés na areia, que me engole, mas a maré passa e eu não caio mais, me mantenho firme, como uma estátua, um quadro, ou talvez, uma Arte. Com histórias no olhar, mas nunca contadas, muitas coisas não são interessantes para ser contadas, nos acostumamos com uma "sociedade do espetáculo", e tudo o que vale a pena ser "ouvido" tem que ser extremamente espetacular, ser apenas nós não compensa, a sinceridade não compensa. E, afinal meu caro, o que realmente compensa?

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Disritmia.

E aqui estou, novamente, gritando em um esquema virtual, desesperada para que alguém o leia. Às vezes tudo me parece tão inquieto, tão instável. São tantas dúvidas, tantos tapas, tanto sufoco. Tem horas que quero largar tudo e correr, apenas correr, e sentir que aqui dentro ainda tem um peito que arde, em outros momentos só que um sorriso, um abraço digam: "vem cá, deixa eu te fazer entender esse tormento todo". E eu me deparo com um reflexo estranho, com um olhar desconhecido em um espelho qualquer que grita:" vinte e dois anos e ainda não aprendeu a desviar a rota? Ainda não consegue montar o quebra-cabeças, não consegue acalmar as sinapses?". São questões, quase sem resposta ou sem sentido algum. Quero deitar, e não consigo calar os pensamentos, tento musicar a respiração desesperada, mas o corpo geme, e a alma grita querendo sair pela boca, querendo explodir. A alma que sonha com tantos lugares novos, que percorre procurando um sorriso amigo em meio de tantos, e tantos olhares. Saudade é o que descreve parte de mim, ainda não sei de que/quem sinto falta, mas me corrói. E são nove horas por cinco dias semanais que me consomem, cada dia me sinto num buraco escuro me desconhecendo, e rindo dos meus próprios tropeços atrapalhados, rindo dessa forma exagerada para conseguir fugir de quem sou, do que sinto. Desenterro pequenas imagens da minha cabeça anacrônica para refazê-las de uma forma um pouco mais agradável, um efeito um tanto anestésico, e fecho os olhos em um ritual sinestésico. Me procuro nos livros, nas notícias, filmes e músicas diárias, e a cada letra, acorde ou voz eu me acho, me perco, me sinto. E penso em dias assim, quando acendo um cigarro repetido do outro (com a mesma frequência em que meus pensamentos são processados), que eu respiro e sinto meu peito/costelas/cabeça latejando com o oxigênio intragável e levanto, e fico em pé de uma forma que não compreendo, e sigo, sabe-se lá pra qual horizonte.