domingo, 15 de setembro de 2013

Setembro de 2013

É meu caro, eu sei, ando bebendo e fumando demais, e essa acidez estomacal cresce cada dia mais. Não sinto vontade de dormir, e, quando consigo, não tenho coragem de acordar, não quero mais fazer o que me satisfaz, não tenho mais força de correr atrás de muitas coisas, que, antes, eu sairia de casa, tomaria um banho e iria atrás. Não sei, não consigo me olhar no espelho e ver o que dizem, não sei, meu querido, acredito que, mesmo com os meus poucos vinte e dois anos nas costas, com essa minha vida de pequena burguesa, eu tenha me perdido, me desencontrado, em um caminho sem fim, em um buraco negro. Minhas olheiras de lágrimas de todos os dias, o travesseiro e encharca todas as noites, o grito de socorro de todos os dias, esse sorriso amarelo, esse brilho falso no olhar, essa rotina que me prende, essa saudade de tudo e de todos que não vejo há tempos, de todos os abraços, sorrisos e beijos que já me cativaram, saudades do "grande amor", saudade das músicas cantadas a base de alguns acordes. Saudades de um sorriso pelas manhãs ensolaradas, saudades de tomar uma cerveja só para me divertir, é, meu caro, essa minha cara de acabadaloucadescabeladadepressivaproblematica tem uma razão, é o cansaço de todos os dias, é a vontade de viver se misturando com o desejo de dormir pela eternidade, é a falta de vergonha na cara de enfrentar de frete as coisas, de tirar essa máscara de impregnar a alma.