terça-feira, 1 de março de 2011

Lucidez.

Me machuque novamente,
arranca a última gota de lágrima,
e me seque.
Me destrua, pois, sozinha,
não tenho a real coragem para conseguir o que eu preciso -- o que quero.

Me estupre mais uma vez,
com suas palavras,
e sorria a última vez para mim.
Acabe com o único fio de inocência que há
na minha alma, na minha calma,
na minha insistência de viver.

Sou algo vazio, sem razão,
com esse gosto amargo de derrota na boca,
com todo o sangue borbulhando, e sem o brilho,
sem um pouco de coragem para continuar.

Grito, suspiro, grito,
garganta que arranca sangue,
que suga a dor,
que não a expele.

O sexo vazio,
as doses e cigarros infinitos,
as conversas fúteis.
Só mais uma vez, deixe-me sentir "bem";
deixe-me assim, fora de mim,
deixe-me com a doce ilusão de estar viva.

Um comentário:

Shank disse...

Nossa, esse momento descrito me fez relembrar de coisas pesadas, tensas...

Espero que tenhas escrito no maior estilo de Fernando Pessoa ["que chega a fingir que é dor / a dor que deveras sente"]